domingo, 26 de setembro de 2010

Crime e as seqüelas emocionais

O diretor do Centro de Tratamento e Pesquisas de Vítimas de Crimes, da Universidade da Carolina do Sul/EUA, Dean Kil Patrick, afirma que: “Vítimas de crimes estão 10 vezes mais sujeitas do que a média a enfrentar depressões profundas, até mesmo uma década depois do crime”. 

Crime e as seqüelas emocionaisA psicóloga americana, Mary Koss, diz: “as vítimas de crimes freqüentam duas vezes mais os médicos do que quem nunca passou pelo trauma”. Comento em minhas palestras, que a perda material em razão dos atos criminosos, pode ser a menor das perdas, se comparada com os problemas emocionais das vítimas. As seqüelas da violência são terríveis, e passo a enumerar algumas:

1) Sensação de abandono: o mundo parece um lugar inseguro e a vítima perde a confiança em sua capacidade de lidar com os outros.

2) Raiva por ser vítima: muitas vezes expressa ódio contra a família ou pessoas que tentem ajudá-la.

3) Sensação de ser atingida de forma permanente: vítimas de estupro podem achar que nunca mais serão dignas.

4) Incapacidade de relacionamento íntimo: pode perder a confiança nas outras pessoas.

5) Preocupação com a ordem: começa a se preocupar com detalhes de organização e isso pode se tornar até uma obsessão.

6) Sensação que o mundo é injusto: para evitar isso, a pessoa passa a acreditar que fez algo errado, portanto mereceu ser vítima de um crime.

Há muitos anos venho alertando sobre a necessidade da prevenção no dia a dia, para diminuir riscos desnecessários à segurança pessoal e familiar.

Siddharta Gautama, fundador do budismo, nasceu em torno de 556 a.c., em Kapilavastu, norte da Índia. Li muito sua obra e encontrei uma frase excepcional, que parece escrita para os dias de hoje: "As pessoas precisam aprender a enxergar e evitar todos os perigos.

 Assim como um homem sábio se mantém a distância de um cão raivoso, não devemos nos aproximar dos homens maus”

Não devemos enfrentar uma situação de perigo que possa ser evitada. A grande arma é a pró atividade; quando tomamos uma atitude preventiva antes que aconteça o pior. Como disse Buda, o segredo é inicialmente enxergar os perigos que nos cercam, e em seguida procurar evitá-los, e a prevenção é a única vacina recomendada.

Como deve agir a escolta?

Realmente, o assalto foi democratizado no país. As duas maiores patentes do poder judiciário federal foram vítimas da criminalidade.
Como deve agir a escolta? A presidente do Supremo Tribunal Federal, Ellen Gracie e o vice-presidente do órgão, ministro Gilmar Mendes, foram vítimas de um arrastão, em dezembro de 2006, na saída da Linha Vermelha, no Rio de Janeiro.

Eles haviam desembarcado no aeroporto do Galeão e seguiam para a zona sul carioca, quando foram parados por um falso bloqueio da polícia. Ocupantes de pelo menos quatro carros também foram assaltados. Segundo três das vítimas que registraram ocorrência, os criminosos levaram documentos, celulares, dinheiro e relógios.

A Linha Vermelha tem 178 favelas espalhadas por 22 km, por onde passam cerca de 130 mil automóveis diariamente. Os ministros do STF foram resgatados por seguranças armados do Tribunal de Justiça que faziam à escolta. Logo após o incidente, recebi diversas ligações telefônicas de jornalistas, indagando-me se a postura dos agentes de segurança em não reagir ao assalto estava certa ou errada.

É importante diferenciarmos segurança pública de segurança pessoal. A escolta, que era realizada pelos agentes, tinha como finalidade proteger a integridade física dos magistrados. Pelas informações fornecidas pela imprensa, o veículo dos ministros seguia na frente do automóvel da escolta, posicionamento que entendo ser equivocado. Quando o esquema para escoltar autoridades ou executivos conta com apenas um automóvel, deve se posicionar à frente, para se antecipar a eventual problema.
Outro ponto interessante, é que jamais a pessoa a ser protegida deve dirigir. O veículo deve ser conduzido por um motorista devidamente treinado e capacitado em técnicas de direção defensiva e evasiva.

Por outro lado, analisando o episódio, entendo que a equipe de seguranças se comportou de forma inteligente. A abordagem criminosa foi praticada por diversos meliantes fortemente armados. Qualquer tipo de reação poderia colocar em risco a vida dos magistrados, das demais vítimas que lá estavam e também dos seguranças.

Dicas que salvam vida e patrimônio


Em março de 2006, um crime abalou os moradores do bairro do Campo Belo, em São Paulo.

Gerson Mendonça de Freitas Filho, de 50 anos, dirigia seu veículo Astra, quando foi rendido por marginais,que provavelmente iriam realizar o famigerado seqüestro relâmpago. Uma pessoa viu a abordagem e avisou a polícia pelo fone 190 e logo se iniciou perseguição em alta velocidade. Houve troca de tiros e os veículos acabaram envolvidos em um grande acidente. Lamentavelmente, a vítima foi morta por disparo de arma de fogo.

Seqüestro Relâmpago
 

A prática do seqüestro relâmpago cresce assustadoramente em todo Brasil, e o alvo são as pessoas que insistem em carregar número elevado de cartões magnéticos. Diversos programas importantes de televisão têm requisitado minha participação, para orientar a população sobre como se defender. Desta forma, preparei para o leitor um roteiro de medidas preventivas, que devem ser colocadas em prática por toda a família:
1. Peça ao gerente de sua agência bancária para inibir o saldo de suas aplicações financeiras e limite do cheque especial, do extrato emitido pelo caixa 24h.

2. Crie o hábito de carregar apenas um cartão de banco na carteira e decore a senha.

3. Evite sacar dinheiro em caixas eletrônicos, principalmente à noite, pois dificilmente você terá condições de saber se alguém está à espreita.

4. Portar diversos cartões de crédito pode colocar em risco sua vida e patrimônio. Carregue apenas um e não esqueça de cadastrar sua senha. Entrevistei vítimas, que quase foram mortas, pois não souberam informar aos marginais as senhas de seus cartões de crédito durante o seqüestro relâmpago, mesmo porque, nem sabiam que cartão de crédito possui senha.

5. Procure manter na carteira dinheiro suficiente para pagar pequenas contas. Lembre-se que o uso excessivo de cartões, aumenta a possibilidade de clonagem.

6. Não carregue o talão de cheques com você, leve somente duas ou três folhas cruzadas.

7. Jamais permaneça dentro ou ao lado de veículo estacionado na rua. Se estiver esperando alguém, tranque o automóvel, atravesse a rua e aguarde a chegada de seu amigo ou parente em segurança.

8. Os bandidos procuram vítimas desatentas, assim não terão dificuldades na ação criminosa.
Atenção é a grande arma que possuímos para evitarmos ser vítima da criminalidade e não entrarmos para a estatística fria da polícia.

Segurança Privada – Um mercado que cresce à margem da lei


De acordo com dados oficiais da Polícia Federal temos atualmente no Brasil cerca de 350 mil vigilantes contratados por empresas de segurança legalizadas.
Este número é bem menos da metade do número de homens que prestam serviços de forma clandestina, segundo dados da Confederação Nacional dos Trabalhadores Vigilantes e Prestadores de Serviços - CNTV-PS, que estima em 900 mil o número dos que vêm exercendo de forma irregular a profissão de vigilante. Em razão desse verdadeiro disparate, apenas cerca de um quarto do mercado de Segurança Privada no País está ocupado por empresas legalizadas que oferecem profissionais habilitados a exercerem a profissão de vigilante (ver quadro estatístico ao lado). Ou seja, em um mercado que oferece um potencial de aproximadamente 1,3 milhão vagas, apenas 350 mil estão sendo ocupadas por profissionais habilitados.

Uma situação vexaminosa para um País que tem hoje na Segurança Privada (exercida por profissionais habilitados) um serviço de primeira necessidade em razão da violência que assusta a todos. Nunca é demais lembrar que a contratação de serviços de segurança clandestina pode acarretar sérios transtornos para quem os contrata. Em caso de crimes praticados por esta “segurança”, o contratante também responderá juntamente com os autores do delito.